quarta-feira, 14 de julho de 2010

Será que alguém se lembrará daquela menininha que andava de bicicleta até a marca da calçada? Que caía muitas vezes por culpa de seus olinhos trocados, aquela menininha de calça de moletom azul desbotada, franjinha nos olhos cabelo Chanel. Será que alguém se lembrará da japonesinha que brincava de esconde-esconde e adorava viajar no balanço da rede? Será que alguém se lembrará das navegações em alto mar, naquele pequeno balanço velho, daquela carta embrulhada num saco de salgadinho, daqueles dentes jogados em cima do telhado, dos tazos de Digimon batidos na calçada de casa, das bolas coloridas, dos bolos de formigueiro de todos os recreios, da festa do inhoc. Será que alguém se lembrará daquele tombo feio, da boca batida no banco, daquele cartão de melhoras, das voltas na praça, dos trotes nos telefones públicos, da televisão queimada, do beijo não desejado, do gato na gaveta, das lesmas com sal, das pedras na janela, das histórias da morte, da trancinha de princesa, dos pores-do-sol no telhado, dos “BOAS” da vida? Será que alguém se lembrará dos desenhos mal feitos, mas mesmo assim guardados com carinho, do arco-íris na parede, dos pratos quebrados, da pulseira das meninas super poderosa nunca devolvida, das bailarinas, do numero cinco que parecia um dois, da fita da chiquititas, das danças malucas, daquela mentira, da preguiça da escola? Será que alguém se lembrará da doidinha que se aventurava de bicicleta no terreno baldio, da pipa ruim, da Power Ranger que nunca me deixaram ser, do “super férias” *-*, dos cinco reais perdidos, do porão da escola, da idade mal contada? Será que alguém se lembrará daquele trato de modelo e estilista, do homem do martelo, daquele mistério da areia movediça, das seis bruxinhas, das joaninhas de baixo do banco, dos lugares reservados nas mesinhas da biblioteca que eu sempre fiquei sobrando? Será que algum dia  alguém se lembrará das aulinhas de inglês, do grupinho do arco-íris, do anel da Barbie que não me foi concedido, da briga na escola, do tapa na cara, do tamanco roxo, dos brindes da coca, da figurinhas da copa, do campeonato de blei bleid, do pombo doente, do jardim da granja, do papelão pra escorregar na grama, da gangue dos Batutinhas, daquele cabine escura,  dos desenhos na janela, da faixa verde com a blusa vermelha, do amigo gay, da menina que batia, das duas Joyces do prézinho, dos sucos de maçã, das ondas de arroto, da menininha mais novinha...

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